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Palestra do 46º CBPP aborda desafios e oportunidades na previdência diante da mudança estrutural no mercado de trabalho

23/10/2025

Visando explorar caminhos para democratizar o acesso à previdência, especialmente em um cenário de grande mudança estrutural no mercado de trabalho, o 46º Congresso Brasileiro de Previdência Privada (CBPP) apresentou painel sobre o tema “Desafios fiscais e previdenciários e as oportunidades para a previdência complementar nas próximas décadas”, com Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset Management, e Estevão Scripilliti, Diretor na Bradesco Vida e Previdência e Diretor-Executivo do MultiPensions Bradesco.

“Falamos muito da mudança demográfica, do privilégio que tínhamos de contar com uma população jovem, ou seja, muitas pessoas contribuindo e menos pessoas recebendo os benefícios do nosso modelo de previdência pública. Com o tempo, esse formato foi mudando, e o benefício que tínhamos com a população jovem foi se perdendo. Esse bônus demográfico está passando”, disse Funchal.

Ele destacou que um novo desafio surgiu: a mudança estrutural do mercado de trabalho, que afeta diretamente a evolução da previdência, já que cada vez mais pessoas estão atuando de forma autônoma e independente.

“O mercado está bastante pressionado, em parte por conta do aquecimento econômico. Mas, analisando os dados, percebemos que uma parcela desse aperto se deve à diminuição da geração de vagas de emprego, combinada com um número menor de pessoas procurando trabalho. Esse cenário é motivado pelo aumento da autonomia profissional, o crescimento do empreendedorismo individual e as transformações estruturais das formas de trabalho”, disse.

Outro fator relevante explanado foi a aceleração, durante o período da pandemia, da expansão dos serviços de aplicativos. Esse tipo de ocupação praticamente saiu de zero, em termos proporcionais, e mais do que dobrou. Hoje, representa uma parcela significativa do mercado.

Além disso, há uma realidade observada em várias regiões do país relatada por empresários: a dificuldade de contratação. Segundo o palestrante, essa tendência precisa ser considerada, porque afeta diretamente a sustentabilidade do sistema, sendo um dos grandes desafios.

“O governo precisará encontrar formas de incorporar esses trabalhadores autônomos e informais à previdência. No caso do bônus demográfico, não há muito o que fazer além de adaptar-se à nova realidade. Temos muitos desafios pela frente, e um deles é entender como garantir segurança para nós mesmos, independentemente das ações do governo. O Estado terá que fazer sua parte, mas também precisamos fazer a nossa”, concluiu.

Cenário de mudança – “Apesar de toda a dinâmica da longevidade que, em tese, deveria favorecer o crescimento da previdência privada, o número de entidades de previdência fechada no Brasil tem diminuído e não aumentado. Esse é um primeiro sinal de alerta”, destacou Estevão Scripilliti.

Ele explicou que houve uma mudança forte na estrutura do setor empresarial, sendo formado hoje, em grande parte, por micro, pequenas e médias empresas, que possuem recursos mais limitados e menor conhecimento sobre planos de previdência. Além disso, houve uma redução da presença de empresas públicas e grandes grupos corporativos, somado ao aumento da rotatividade do mercado de trabalho.

O vínculo empregatício tornou-se mais curto e dinâmico, especialmente entre as novas gerações, e os jovens que ingressam hoje no mercado são mais inquietos, buscam novas experiências e trocam de emprego muito mais rapidamente. Os ciclos empresariais também são mais curtos: novas empresas surgem e crescem rapidamente, mas também desaparecem com a mesma velocidade.

Sob a ótica dos participantes, há ainda um desafio comportamental: muitos planos de previdência mantêm regras antigas, pensadas para um mercado de trabalho de décadas atrás, de vínculos longos e estáveis. Isso reduz o incentivo à adesão e leva os novos participantes a priorizarem liquidez e retorno imediato, em vez de poupança de longo prazo.

Soluções prática –Scripilliti destacou algumas soluções para o fortalecimento e modernização da previdência fechada no Brasil, entre elas o ganho de escala e a redução de custos. “A ampliação da escala é um passo decisivo. Os fundos multipatrocinados são um exemplo de modelo que permite compartilhar estruturas de governança, compliance, gestão de risco, gestão atuarial e financeira entre diversas empresas. Com isso, é possível diluir custos e aumentar a eficiência”.

Outros pontos abordados foram novos veículos e estruturas de adesão. Segundo o palestrante, é preciso modernizar os planos, tornando-os mais acessíveis e simples, com menor ônus para o participante. Isso envolve desenhar mecanismos que incentivem a entrada de novos públicos, especialmente os mais jovens, e que tornem o processo de adesão intuitivo, digital e flexível.

Também é importante avançar na criação de instrumentos de transferência de risco, com um mercado secundário organizado. Assim, empresas com apetite para assumir esse risco podem fazê-lo de forma bem precificada, enquanto outras conseguem se manter no sistema sem precisar encerrar o patrocínio.

O palestrante também comentou ser urgente simplificar a portabilidade entre planos, permitindo ao participante transferir seus recursos ao mudar de empresa, sem perdas ou burocracias. Além disso, é importante permitir que uma mesma pessoa mantenha mais de um plano ativo. Outro destaque foi a necessidade de soluções inovadoras para a fase de desacumulação. “Tão importante quanto acumular recursos é planejar bem a fase de recebimento da renda”, concluiu.

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